Displasia do Quadril
O que é a Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ)?
É uma doença da formação do quadril, que ocorre já dentro do útero, durante a formação do bebê, mas que pode também ocorrer após o nascimento (daí, displasia do desenvolvimento).
Nesta doença, o acetábulo, o “soquete” onde se encaixa a cabeça do fêmur, formando a articulação do quadril, em vez de ser curva, tem a forma de uma “rampa”. Com isso, fica muito fácil de a cabeça do fêmur “escapar”, levando ao que conhecemos como luxação do quadril.
Existem vários graus de DDQ: nos casos mais leves, a única alteração é esta forma do acetábulo, mas o quadril permanece no lugar. Estes casos mais leves podem passar despercebidos pela vida toda, até que, aos 30, 40 anos, a pessoa começa a apresentar dor no quadril. A displasia do quadril leva a um desgaste precoce da articulação, ou seja, artrose.
Nos outros casos, além da alteração da forma do acetábulo, temos uma cabeça do fêmur que “escapa” (luxa) parcialmente (quadril em vias de luxação, subluxado) ou totalmente (quadril luxado). Estes casos mais graves são mais facilmente identificáveis, mas são, também, mais difíceis de se tratar.
O que causa a DDQ?
É uma combinação de fatores, que eu gosto de dividir, de forma didática, em quatro causas principais:
- Fatores relacionados ao bebê (bebê que ocupa mais espaço):
- Bebê sentado (apresentação pélvica; aumenta o risco em até 20 vezes): pois, nesta posição, os quadris ficam mais apertados e são forçados para fora.
- Gemelares: há menos espaço dentro do útero para eles se mexerem.
- Fatores relacionados ao útero (fatores que deixam o bebê mais apertado):
- Alterações morfológicas do útero
- Pouco líquido (oligodrâmnio)
- Fatores relacionados à genética:
- Sexo feminino (aumenta o risco em 10 vezes): devido aos hormônios femininos, que aumentam a frouxidão ligamentar.
- História familiar: extremamente importante, temos um componente genético que leva a um aumento de risco quando há história na família. Não precisa ser necessariamente alguém que teve DDQ e tratou; pode ser só alguém que teve uma artrose muito precoce do quadril, sem uma causa aparente.
- Fatores externos:
- Uso de charutinho: aquele charutinho de bebê, feito logo que ele nasce, por mais lindo que seja, tem relação direta com a DDQ. Quanto mais tempo de uso, maior o risco de levar à doença. Por isso, se for fazer um charutinho com que bebê, deixem sempre as pernas soltas, e não apertadas.
- Uso de andadores: além de atrapalharem a aquisição da marcha e do risco de morte, os andadores também predispõem à DDQ pela posição em que o bebê é sustentado.
- Carregadores de bebê não ergonômicos: qualquer carregador que faça o bebê ficar com as pernas caídas (apoiado apenas pela virilha) aumenta o risco de DDQ, pois esta posição força o fêmur para fora do acetábulo.
Tudo o que você precisa saber sobre a Displasia do Quadril
Tudo o que você precisa saber sobre Displasia do Desenvolvimento do Quadril
O que causa? Como diagnosticar? Quando fazer o ultrassom? O que significam os ultrassons? Como tratar? Cuidados com o Pavlik. Cuidados com a era Pós-Pavlik.
Tratamento cirúrgico da displasia do quadril – Tudo o que você precisa saber!
Já falamos em vídeos anteriores sobre a displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ). Este vídeo aqui é para você que está perdida(o) nos tratamentos possíveis para esta doença, que não sejam o bom e velho suspensório de Pavlik!
Vamos explicar tintim por tintim o que são os famosos gessos e as tão temidas osteotomias!
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da DDQ é feito de duas formas: com a triagem neonatal (teste do quadrilzinho) e com a ultrassonografia.
Infelizmente, porém, a triagem neonatal diagnostica apenas 1% dos casos de DDQ. Quando fazemos o ultrassom em todos os bebês, descobrimos outros 4% de casos, ou seja: o exame físico falha em reconhecer aproximadamente 80% dos casos desta doença!
De qualquer forma, vale conhecer os principais testes do exame físico:
- Teste de Ortolani: nele, o médico faz a abertura dos quadris e deve ter a sensação de encaixar o quadril de volta no lugar. Ele só serve, portanto, para uma minoria dos casos – aqueles nos quais o quadril está efetivamente luxado.
- Teste de Barlow: neste teste, o médico provoca a luxação do quadril. Ele serve, assim, para mais casos do que o teste de Ortolani, mas é, ao mesmo tempo, de mais difícil avaliação, podendo ser muito sutil, levando, a falsos negativos (quando achamos que está tudo bem, mas não está).
- Teste de Galeazzi: por meio deste, o médico consegue ver se há uma diferença de comprimento das coxas do bebê. No entanto, ele só serve para casos em que o quadril está luxado e de um lado só – servindo, também, apenas para bebês mais velhos e uma minoria dos casos.
- Teste de Hart: este é um sinal importante para os pais. Após os três meses de vida, este teste vai se tornando cada vez mais claro: ao se abrirem os quadris, como se fosse trocar a fralda, os bebês normalmente quase encostam as coxas no trocador. No entanto, nos casos de displasia, há uma restrição desta abertura – as coxas ficam basicamente no meio do caminho. Esta restrição de abdução, como é o nome técnico, é o teste de Hart. É o sinal mais confiável de DDQ após os três meses de vida.
- Pregas glúteas: apesar de muito faladas, pregas glúteas assimétricas, sem nenhuma outra alteração ao exame físico, não indicam displasia do quadril. Ou seja: para significarem alguma coisa, precisamos ter algum outro teste positivo – geralmente, o Galeazzi, pois o encurtamento da coxa faz com que surjam mais dobrinhas que do lado não afetado.
Como é feito o Diagnóstico da Displasia do Desenvolvimento do Quadril? – DDQ
Diagnóstico da Displasia do Quadril – DDQ
Qual é o grau do seu filho? – Informações importantes – DDQ
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Sobre a Ultrassonografia:
A ultrassonografia do quadril do bebê é o exame mais importante para o diagnóstico da DDQ. Por meio dele, conseguimos avaliar a anatomia do quadril do bebê e diferenciar os quadros mais leves de DDQ dos quadris normais, algo que é impossível por meio do exame físico.
É um exame rápido, indolor e sem riscos para o bebê.
No entanto, ele exigia muita habilidade técnica de quem o realiza. Desta forma, é essencial que seja feito por alguém com experiência no assunto e que, idealmente, só trabalhe com isso.
Igualmente importante é o médico que recebe este exame saber avaliar as imagens, para confirmar se estão de acordo com o laudo.
A ultrassonografia deve ser feita para o diagnóstico e para o acompanhamento do tratamento da doença.
Este exame permite dividir, pela classificação de Graf, em vários graus, que vão de I a IV. O Grau I é o quadril normal; o grau IV é o mais grave. Confira a tabela abaixo, que com certeza vai ajudar ao longo do tratamento:
Normalidade do ponto de vista ortopédico. Indica um quadril maduro que não precisa de tratamento ou que já foi tratado adequadamente.
Conforme o tratamento evolui, o quadril tem de ir de um grau maior para um grau menor, até que atinja o grau I.
A importância da ultrassonografia em todos os bebês
Já comentamos anteriormente que o exame físico perde 80% dos casos de DDQ, em relação à ultrassonografia. Desta forma, é indiscutível que a ultrassonografia é superior ao exame físico. No entanto, aqui no Brasil, a realização deste exame em todos os bebês ainda não é realidade. Sabemos que a prevalência de DDQ no Brasil gira em torno de 5%, quando avaliada por ultrassonografia – apesar disso, temos um teste do pezinho que diagnostica doenças muito mais raras, mas ainda não incluímos a ultrassonografia como um teste obrigatório para o recém-nascido.
Desta forma, é importante que os pais lembrem os seus médicos de pedir este exame.
O ideal é que ele seja feito:
- Imediatamente, nos bebês com suspeita de DDQ (exame físico alterado ou fatores de risco importantes, como apresentação pélvica e história familiar);
- Em torno de 3 semanas de vida, em todos os outros bebês.
É importante, também, que a pessoa que vai avaliar este exame esteja apta, ou seja, saiba como avaliar a imagem e, também, dar as condutas a partir do laudo.
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