Tratamento antes dos 6 meses de vida
Tratamento com o suspensório antes dos 6 meses de vida:
O melhor método de tratamento, antes dos 6 meses de vida, é o uso do suspensório de Pavlik. Ele mantém os quadris do bebê em flexão e abertos, forçando a cabeça do fêmur no fundo do acetábulo. Com isso, o acetábulo, que ainda é uma estrutura com muita cartilagem e muito moldável, vai progressivamente se remodelando.
A movimentação que este suspensório permite evita uma sobrecarga de pressão na cabeça do fêmur, que levaria a uma complicação muito temida: a osteonecrose da cabeça do fêmur. Por isso, é o tratamento mais indicado, e seu sucesso está diretamente relacionado ao uso adequado. Falaremos disso mais à frente.
O suspensório deve ser usado por, no mínimo, 6 semanas, e o seu limite de tempo é a idade do bebê: não deve ser usado além dos seis meses de vida, pois, nesta idade, o bebê já é muito forte. Com os pés presos, toda a força que ele fizer para empurrar o suspensório será direcionada à cabeça do fêmur, aumentando, assim, o risco de osteonecrose.
Por fim, vale lembrar: o uso de fraldas duplas, triplas, quádruplas ou seja lá quantas forem, não é um método de tratamento para displasia do quadril. Isso não funciona! Da mesma forma, os resultados com a Fralda de Frejka são inferiores ao suspensório de Pavlik, sendo ele o padrão-ouro de tratamento da DDQ.
Cuidados com o suspensório
Eu sou particularmente exigente com relação ao tratamento com o suspensório de Pavlik. Logo quando comecei a tratar esta doença, anos atrás, percebi que os bebês apresentavam resultados diferentes: aqueles que seguiam a recomendação padrão (tirar por uma hora por dia para banho) apresentavam um curso de tratamento mais lento e difícil. Alguns até mesmo pioraram!
Por isso, comecei a controlar esta variável, e, hoje em dia, tenho sempre um combinado com os pacientes:
- Usar o Pavlik todos os dias, 24 horas por dia, e tirar apenas uma vez na semana, para banho, por 15 a 20 minutos.
Lógico, eu sei que, de vez em quando, vai acontecer de o bebê fazer um cocô que suja tudo (famoso “pescocô”), ou vai regurgitar e precisar ser trocado. Se os pais conseguirem tirar o body sem tirar o suspensório, excelente! Mas, é possível que seja necessário tirar o suspensório, no mínimo para limpar. Então, vão aqui algumas dicas para o uso do suspensório:
- Use por cima de um body fino, de mangas curtas.
- Use a meia por cima do suspensório, e não o contrário, pois irá acumular suor e odor, se ficar por baixo, além de poder dar frieiras (lembre: será uma semana com a mesma roupa!).
- Evite usar roupas por cima do suspensório. Casaquinhos, tudo bem; se estiver frio, dê preferência por usar um cobertor por cima. Caso precise muito usar roupas, coloque o casaquinho de tamanho adequado, mas uma calça bem mais larga, para não comprometer o funcionamento do suspensório. Calças do tamanho do bebê vão forçar a sua perna a se fechar, e isso é o que não queremos.
- Lembre-se sempre do objetivo do suspensório: evitar fechar as pernas do bebê. Assim, na hora de amamentar, pegue-o sempre de forma que as pernas fiquem abertas; na hora de carregar, apoie sempre pelo bumbum e veja se está na posição de sapinho.
Dúvidas comuns sobre o suspensório:
- Posso usar carregador?
O suspensório funciona melhor quando o bebê está de barriga para cima, deitado. Assim, o ideal é evitar, ao máximo, colocar o bebê em um carregador. Se isso for impossível, porque você está sozinha em casa e precisa, por exemplo, cozinhar, opte por um sling na sua amarração tradicional, ou um carregador ergonômico, que não atrapalhe as faixas do suspensório.
- Posso dar de mamar?
Deve! Mas o principal é se lembrar sempre de manter as perninhas abertas. Assim, a posição a cavaleiro é uma ótima opção. Ficar com a cabecinha virada para um lado e a barriga para cima também é possível, ou virar o bebê todo, para ficar barriga com barriga, mas com as pernas abertas, também.
Lembre-se sempre de alternar os lados, não só para sempre amamentar com as duas mamas, mas, também, para evitar que o bebê desenvolva o torcicolo muscular congênito (postura viciosa do pescoço, virado sempre para um lado).
- Posso fazer o Tummy time?
Sim, mas com adaptações. Como o bebê, ao ser colocado de barriga para baixo, geralmente fecha as pernas, a ideia é fazer um tummy time mais inclinado, geralmente apoiado em uma almofada, de forma que as perninhas permaneçam abertas.
- Posso colocar deitado de barriga para baixo?
Novamente, a posição ideal do bebê é de barriga para cima. Assim, evite a posição de barriga para baixo. Vale lembrar: a sociedade de pediatria recomenda que, até os seis meses de vida, para evitar o risco de morte súbita, o bebê só durma de barriga para cima!
- Posso colocar o bebê de lado?
Vale o mesmo pensamento que dissemos logo acima, sobre ficar de barriga para baixo. Em especial, deitar de lado vai forçar o bebê a fechar a perna, algo que não queremos de forma alguma. Assim, evite!
- Posso pegar no colo?
Como dissemos na parte do carregador, o ideal é que o bebê permaneça deitado de barriga para cima durante o tratamento para que o suspensório funcione melhor. Mas, sim, eu sei que no mundo real ele vai chorar e você vai precisar pegar para acalmar ou dar de mamar. Desta forma, a ideia é pegar no colo somente para quando for realmente necessário.
- Posso usar por baixo da roupa?
Não, pois as roupas atrapalham o funcionamento das tiras! Como dissemos, no máximo um casaquinho, e calça, somente se for bem grande e estiver realmente frio.
- Posso tirar para trocar fraldas?
Não! Não, mesmo! Somente se o suspensório estiver sujo e não tiver outra forma de limpar.
- Posso dar banhos mais frequentes?
Fique tranquila, porque seu bebê precisa de muito menos banhos do que a gente imagina. O ideal é que o bebê tome banho, realmente, só na consulta de reavaliação semanal. No entanto, nos casos mais leves, conforme vai evoluindo bem, eu tendo a deixar dar banhos mais frequentes.
Mas, como já falei antes: quanto mais tempo por dia usando o suspensório, melhores os resultados!
- Posso dar banho de ofurô?
Não! O ofurô aperta muito os quadris, fazendo exatamente o que a gente não quer que faça. Assim, os banhos semanais precisam ser em banheiras.
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