Poliomielite
O último caso de poliomielite descrito no Brasil foi em 1988. E, justamente no que seria o aniversário da sua erradicação, temos notícias de que novos casos estão sendo identificados.
A poliomielite foi praticamente erradicada no mundo, exceto por 4 países, onde permanece endêmica: Afeganistão, Índica, Nigéria e Paquistão.
Nos outros países, a vacina foi certamente a responsável pela revolução na sua prevenção. A vacina oral contra poliomielite (VOP) permite que, ao mesmo tempo em que uma criança é protegida, outras que ficam em contato com ela sejam protegidas também pela disseminação da vacina através das fezes.
A vacina injetável contra a poliomielite, por outro lado, que é acelular e, portanto, apresenta menor chance de efeitos colaterais (estima-se que 1 caso de poliomielite para cada 1 milhão de crianças vacinadas), protege apenas a criança vacinada.
O esquema vacinal foi mudado recentemente para as doses iniciais serem injetáveis, e as posteriores, orais. A adesão a campanhas e revacinação constante é essencial para que não só o seu filho, mas todos os outros, protejam-se desta doença terrível.
Pessoas desta geração não fazem ideia das terríveis consequências desta doença, que provoca paralisia dos membros inferiores de forma variável. Pode acometer um ou os dois membros e afetar desde os pés até a cintura. Quanto mais grave a doença, maior a dificuldade de a criança recuperar a marcha.
A doença é transmitida por um vírus, o poliovírus, especialmente na época do verão, e tem relação com o ciclo fecal-oral e oral-oral. A doença aguda é difícil de ter um diagnóstico claro, ainda mais porque apenas 1 em cada 200 apresenta a forma paralítica: provoca febre alta, dores pelo corpo, náusea, vômito, dor de cabeça rigidez de nuca – tudo que pode imitar uma meningite comum. Quando não apresenta a forma paralítica, a doença melhora em uma a duas semanas – e, como se trata de um vírus, não existe antibiótico para tratar.
Quando a forma paralítica se instala, ocorre fraqueza e fasciculação dos músculos. Os membros inferiores são acometidos duas vezes mais do que os membros superiores. Ao contrário da paralisia cerebral, a paralisia da poliomielite é flácida – ou seja, os membros não ficam rígidos, mas frouxos. As células da medula são lesadas e apresentam um processo de regeneração que se inicia após um mês da doença. Ele acaba em 6 meses, mas se espera melhora até 2 anos de idade. De forma prognóstica, músculos com apenas 30% de sua força em três meses da instalação da doença ficarão terminantemente paralisados, enquanto outros ainda têm algum potencial de melhora.
Com o passar do tempo, o acometimento diferenciado entre determinados grupos musculares pode provocar deformidades, como o pé equino, o pé cavo e os dedos em garra.
O trabalho do ortopedista é tratar estas deformidades e prescrever órteses ou realizar procedimentos que permitam ao paciente com sequelas da poliomielite caminhar da melhor forma possível pelo tempo mais longo possível.
Além disso, após aproximadamente quinze a vinte anos da doença, existe a Síndrome Pós-Poliomielite, em que a pessoa apresenta piora da paralisia, associada a dores, e para a qual infelizmente não temos ainda tratamento efetivo.
Antigamente, era comum ver crianças andando por aí com cadeiras de rodas, muletas e órteses como as do Forrest Gump (não que ele tivesse polio, note). Temos de tomar todo o cuidado para que isso não se torne realidade novamente. Não deixe de vacinar seus filhos. A vacina é comprovadamente segura e eficaz.
Ficou com alguma dúvida? Agende uma consulta pelo telefone (11) 5579-9090 ou deixe um comentário!
Um grande abraço,
Dr. David Gonçalves Nordon
CRM-SP 149.764
TEOT 15.305
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